Delírios Depressivos
Minhas lágrimas secaram por fora
e inundam-me por dentro
o sal que continham de outrora
hoje é um tipo de ácido fedorento
Corre em meu interior
dilacerando-me por inteira
vai cortando e causando-me dor
um ardor como lenha em fogueira
Meu grito de socorro não é ouvido
pelos ouvidos surdos, que me rodeiam
ouvem todo tipo de ruído
menos os gemidos que me permeiam
Gemidos e soluços que me afloram
na pele, em grossas pipocas vermelhas
das moléstias e dores que me devoram
trazendo-me loucuras até as orelhas
Passado e presente que se misturam
acusando-me de pecar como pecador
lembrança de erros que me torturam
e a falta do perdão do meu condenador
Da vida a morte é o meu desejo
quando meus filhos encaminhados eu ver
espero que suas histórias tenham melhor enredo
do que o meu, que só me fez sofrer
Desde o começo não tive gracejo
sempre fui a ovelha desgarrada
e quando deixei de sê-lo
o destino lança-me uma patada
Golpe que me arremeçou ao chão
sufocando minha paz e o meu sossego
a amargura surge apertando o meu coração
dando-me somente a morte como alento.