INVERNO INTERNO

Fria manhã de inverno,

Envolta em tristeza e pesar,

O céu, uma vasta manta cinzenta,

Onde o amanhã parece se ocultar.

Tento, em vão, visualizar a vida,

Através das lentes da fotografia antiga,

Onde o futuro se abria em luz suave,

Sem percalços, sem dor, sem a angústia que abriga.

Cabelos negros, ao vento soltos,

Um sorriso cativante, tão encantador,

Lábios aveludados pela alegria,

Olhares que prometiam um futuro de esplendor.

Era um tempo de sonhos e promessas,

De dias claros e tardes serenas,

Onde cada instante era uma canção,

E o futuro se desenhava sem penas.

Mas a razão, com seu olhar impiedoso,

Revelou-me a dura e cruel verdade.

Estou viva, e este poema é meu alarde,

Mas o sofrimento é a dura realidade.

Choro pelos ausentes, amigos e parentes,

Pelo eco dos 473 mil que se foram,

Cada vida uma história interrompida,

Cada perda uma dor que não se evapora.

Choro pela ausência de um abraço,

Pela falta de palavras de conforto,

E pela tragédia que em seu curso

Levou tantas vidas, um caminho tão torto.

Continuaremos a chorar e a sofrer,

Em um lamento que nunca se desvanecerá,

Por todos aqueles que, em sua vida,

Foram parte de nossos destinos, nossa trilha a traçar.

Nos ecos da memória, os sorrisos permanecem,

Mesmo quando a dor se torna nossa constante,

E enquanto houver lamento, haverá amor,

Pois em cada lágrima, um fragmento de esperança, constante.

E assim, seguimos, carregando no peito,

O peso da perda, mas também a lembrança.

Que cada vida perdida seja uma estrela que brilha,

Guiando-nos através da escuridão, em constante esperança.

Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 03/06/2021
Reeditado em 15/09/2024
Código do texto: T7270776
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