Ensina-me tempo
Ensina-me tempo, a esquecer,
a não ser mais quem eu sou,
a apagar em mim essa insatisfação,
a arrancar estas asas que me levam ao precipício,
a adormecer e abrir os olhos em uma outra alma,
a viver novas experiências que diluam o passado,
a enxugar as lágrimas que agora caem...
Ensina-me, antes que eu adormeça novamente.
Ensina-me tempo, a perdoar,
a crer em mim mesmo dia após dia,
a não desejar os impossíveis da imortalidade,
a aceitar a abnegação desta existência humana,
a aprender as lições de um destino que açoita,
a tolerar os que me rodeiam e irritam tanto,
a calar diante das ofensas a mim proferidas...
Ensina-me, antes que eu adormeça novamente.
Ensina-me tempo, a confiar,
a aquecer meu coração de gelo,
a não mais esperar por quem não voltará,
a seguir em frente como se só houvesse o amanhã,
a apagar as luzes da ilusão sem temor,
a redesenhar meus passos como em um mangá,
a resetar as tristezas que habitam meu ser...
Ensina-me, antes que eu adormeça novamente.