LÂMINA FEBRIL DA EXISTÊNCIA

Pintem meus ossos fracos e mornos

Oh! Indesejáveis corvos

Rasguem a noite

Como se rasga a um corpo sem açoite

Puxe o gatilho e ative sua morte

Apesar de não haver sorte

Procure uma lâmina que te corte

Caminhos sem incensos

Vidas sem nenhum alento

Tire a dúvida que me devora

Mas não deixe o vazio ir embora

Cubra-me com o teu manto orgânico

Venha ver o pânico

Que plantei no lugar das sementes podres

Mas corações não cobrem todas as dores

Só o ódio move as ondas do ressentimento

Para todas as cartas não abertas

Morrem todos os sentimentos

Prove das nuvens de algodão-doce

São mentiras feitas de oxigênio

Tudo é azedo esta noite

Para todo anjo clorofórmico

Há uma ampulheta vazia

E um vazio claustrofóbico

Eu nunca senti a neve

Que cai distante daqui

Só senti essa maldita febre

Que é existir.

Tiago Quingosta
Enviado por Tiago Quingosta em 16/11/2005
Código do texto: T72539