Indesejado.
Tu não me querias
Entretanto era o meu momento de existir
E eu de teimoso no teu ventre cresci
Como o fazem as ervas daninhas entre flores,
Medonhas, teimosas, estranhas...
Já que estava ali,
No teu útero alojado,
De ti me nutri
Entenda, era o que eu precisava fazer, mamãe...
Quando chegou a tua hora eu nasci
E cheguei te rasgando, urrando, lutando
Eu precisava respirar, mamãe...
A golfada – de ar - primeira doeu em mim, aí eu chorei
Pequeno e frágil parecia, mas de mim já sabia, mamãe...
O meu destino fora traçado na maternidade
Sob o teu olhar distante de mim,
Perdido em algum lugar de um passado que eu te roubei
Roubei, mamãe?
Agora que estou aqui, me diga, o que devo fazer?
Olhe para mim, mamãe...
Toque-me, mamãe...
Me dê o teu seio, mamãe...
Sou tão pequeno ainda, preciso de ti
Onde estás mamãe?
Por que este homem me bate e não é meu pai, mamãe?
Eu ia fazer cinco anos, mamãe...