A dor que nunca passa
Sai das minhas mãos uma poesia
Assim como do meu olhar inquieto, viajor.
Verte dos meus olhos um rio assoreado que vaga
E a tua mão, de leve, me toca e afaga.
Sonho o que era antes, os lençóis, o riso, o mar, uma estrada
Mas vejo só um oceano perdido que me angustia, afoga e mata.
Carrego a dor que dói em ti, faroleiro, pirata
E o teu sôfrego mar me arrebata
Sobre a mais dura rocha, me lança.
A tua dor é minha dor
E dos meus dedos corre a lava, tórrida e mansa
A tua dor que em mim habita, faz morada...
Na tua presença, sou alegrias
Busco a palavra certa para ser dita
Bem-feitorias...
E nada sai...me recolho, omito prantos
Engulo o grito, murmuro acalantos.
Não sei onde deixei meus dias
E a vida
– Sorrateira e fria –
Me põe alerta, rezo o teu sono
E a vida – sorrateira e fria –, desafia
Como um dia molhado de outono.
Para que não esqueças, chefe-guri, a tua dor é a minha dor
Por mais sorrateiro e frio que seja o viver
Não me farei ausente...
Tenho as tuas mãos
Meu querer...
Saúde a todos!