A dor que nunca passa

Sai das minhas mãos uma poesia

Assim como do meu olhar inquieto, viajor.

Verte dos meus olhos um rio assoreado que vaga

E a tua mão, de leve, me toca e afaga.

Sonho o que era antes, os lençóis, o riso, o mar, uma estrada

Mas vejo só um oceano perdido que me angustia, afoga e mata.

Carrego a dor que dói em ti, faroleiro, pirata

E o teu sôfrego mar me arrebata

Sobre a mais dura rocha, me lança.

A tua dor é minha dor

E dos meus dedos corre a lava, tórrida e mansa

A tua dor que em mim habita, faz morada...

Na tua presença, sou alegrias

Busco a palavra certa para ser dita

Bem-feitorias...

E nada sai...me recolho, omito prantos

Engulo o grito, murmuro acalantos.

Não sei onde deixei meus dias

E a vida

– Sorrateira e fria –

Me põe alerta, rezo o teu sono

E a vida – sorrateira e fria –, desafia

Como um dia molhado de outono.

Para que não esqueças, chefe-guri, a tua dor é a minha dor

Por mais sorrateiro e frio que seja o viver

Não me farei ausente...

Tenho as tuas mãos

Meu querer...

Saúde a todos!

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 20/04/2021
Reeditado em 20/04/2021
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