Mar alto

A bóia já me foi lançada muitas vezes, mas eu, insistente que sou, permaneço na água.

Faz tempo que não sinto terra firme, são tantas ondas que nem dá tempo de acompanhar o ritmo desse mar. É caótico, embora seja lindo, é desesperador, embora traga aconchego.

A única firmeza que tenho está na memória, que vira e mexe me perturba com alguma lembrança de bons tempos, bons para quem? Nem eu saberia responder, mas eram bons, uns reais, outros nem tanto.

Rindo para não chorar, vai que eu encharco o mar? Meu bom Deus que me livre, procuro risada frouxa no vento, não encontro. Talvez o mar seja tão grande e profundo porque é triste.

Poesia de bolso, tenho o ócio como meu aliado e, enquanto sou náufrago, tento não me perder nas alucinações, nos oásis, nas burocracias de ser instável, boiando. A terra firme virá, com o tempo e o vento deslocando o corpo ocioso.

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 20/04/2021
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