TRANQUEI A PORTA

Sinto muito, fechei a porta

com ferrolho, tranca e chave.

Para que não entres mais

e não sintas meu cheiro,

meu gosto, meu calor...

Nem veja a luz dos olhos meus

transformar-se em breu

quando partes...

Dei sete voltas na chave.

Para que não tenhas o aconchego

do palpitar do meu coração,

minha energia de puro amor,

vibrando no teu peito.

Para que não chegues com o fogo

e roube minha paz...

Tranquei agora a porta,

e atrás pendurei um sino,

que denunciará qualquer mínimo ato

se tentares entrar, preservando-me

para que a suas idas e vindas

não angustiem minha alma,

nem perturbem meu sono.

Estou despetalando a rosa

que me deste em sonho...

Arremessando fragmentos

vermelhos e perfumados

no meu chão interior,

para fortalecer meu coração

apagar toda ilusão

e seguir leve, inteira,

mirando o sol no horizonte.

22/01/2020

AndraValladares
Enviado por AndraValladares em 17/04/2021
Reeditado em 17/04/2021
Código do texto: T7234073
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