Biografia de uma Alma
Vestido com um corpo incontrolável
Deixei a intranquilidade neste canto
Serpenteei nas esquinas do execrável
A buscar o sagrado no desencanto.
Nas guerras traguei o ódio dos vencidos
Na glória do mundo perdi o rota da vitória
Traguei o cálice da loucura e ensandecido
Pedi a Deus uma trégua, uma moratória
Assombrado pelos meus demônios, renasci
As sombras vagaram em perseguição
E na tênue fibra da alma senti
A lança perpassar o insondável coração.
Retomei a consciência em passos lentos
E no regresso troquei a espada pelo evangelho
No refúgio do mosteiro lapidei meus lamentos
Ancorando minha alma no Porto velho
De onde não deveria ter partido
Para sorver em ondas e tempestade
O fel que inunda a humanidade
A melancolia tomou o corpo introvertido
Incólume investiu como um punhal
E aos prantos tornei em Portugal