Não há desertores
Vamos filho, levanta.
Tá na hora de ir trabalhar,
Vai morrer na guerra injusta,
Eles querem nos matar.
Morre de fome em casa,
Ou o vírus vai buscar,
Final de semana ficamos isolados,
Para nossas mãos,
Com o sangue não sujar.
Não recebemos visitas,
Se tocar,
Não deixe entrar,
Receba do lado de fora,
Podemos (nos) contaminar.
Eles nos dão Álcool em gel,
Mas em ônibus,
Insistem em nos aglomerar,
Nosso salário é baixo,
Da nem pra carro popular.
Nós morrendo eles em casa,
Na segurança de seus lares,
Quando precisam sair,
Carros e seguranças para buscar.
Um acusando o outro,
Nossa cabeça na mira esta,
Ninguém quer dar a vacina,
Ninguém quer deixar trabalhar.
E os otários vão às ruas,
Aglomerar,
Se infectar,
Nem com todo dinheiro juntado,
Em Uti não irão gastar.
A saúde sempre precária,
E agora como está?
Quanto mais leitos abrem,
Mais vagas irão faltar.
Morre eu,
Morre você,
Eles irão ficar,
Com rachadinhas,
Apartamento com dinheiro vivo,
Ou triplex Guarujá.
Com orgias em boates,
Pó nunca vai faltar,
E os merdas que os defendem,
Em latrinas vão te enterrar.
Desampara a família,
Vida normal não vai voltar.