Delírio Coletivo
Perguntei para alguns amados,
Amigos estimados,
O que fariam se eu sumisse,
Como um delírio coletivo.
Se eu desaparecesse sem motivo,
Sem sequestro, sem abandono, sem suicídio,
Apenas deixasse de existir,
As fotos, as memórias.
Os sorrisos, fossem vagos,
Os momentos vastos,
Deixados de lado,
Tempos usurpados.
Perguntei, indaguei,
Se sumisse, desaparecerei,
As sensações físicas,
Abraços, risadas.
Até as vezes que usei a risada,
Essa memória fadada,
Estaria disposto por mim,
Ser uma pessoa duvidada?
Martelando, como prego em caixão,
Que eu existi, não foi em vão,
Sente lhe tocando, meu calor,
Comida quente, sensabor.
Como provaria,
Os olhares trocados,
Os presentes entregados,
Estrelas que lembrou de mim.
Como faria,
Na cama pernoite,
Em que só foi te,
Não dormiu, mas lembrou de mim.
As fotos, não apareço,
Os vídeos, não movimento,
As roupas ficaram,
As coisas permaneceram,
Mas cá e lá,
Não me encontro mais.
Distinguiria saudade,
Da insanidade?
Como uma doença controlada,
Só existe em pessoas, que eu deixei marca.
Procuraria em lugares óbvios?
Casas onde chorei,
Quartos que me tranquei,
Sangue seco no chão,
Segredos sob o vão.
Cadernos rabiscados,
Agora esbranquiçados,
Talhas em madeira,
Salas sem poeira.
Quem choraria minha morte,
Ou uma má sorte,
Estaria na sua cabeceira,
Mas não me veria à espreita.
Nesse delírio coletivo,
Alguns me procurariam,
Outros, morreriam confortáveis,
Pessoas manteriam as mentes saudáveis.
A vida não pararia,
Caso me considerassem devaneio,
Pois sem receio,
Não me procuraria.
Há disposição,
Para me tratar como aparição,
Lembrando da minha mão, em memória,
Algum dia ter sorrido,
Por causa dessa escória.
Se um dia, fosse tratado,
Como um delírio coletivo,
Carregariam o fardo,
De provar que eu estava vivo?