Não deixaram que eu te ame

Não deixaram que eu te ame

infâmia

perseguição

coisas de preconceito, por causa da raça

dor no coração.

Ana Amélia

pobre Ana Amélia

eu, Gonçalves Dias

fui proibido de tocar te o seu coração

tua família proibiu me de casar contigo

por causa da minha cor

um mestiço

isso é um castigo

ao meu pobre coração.

Que dor, meu Deus, que dor

este coração já não aguenta

vou me embora para Pasárgada, não

vou sair do Rio de Janeiro e voltar pro Maranhão

entregar-me- ei a dor e a solidão

ou ser tragado pelo mar revolto

sem ver minha terra adorada

Caxias, no Maranhão.

E eu fui

fui para o Maranhão

mais doente como estava

não aguentei a tribulação

quando o navio afundou

salvou- se a tripulação

e eu pobre coitado

não quis fugir do naufrágio

doente como estava

naufraguei com o navio e com a solidão,

nas águas do meu amado Maranhão.

Oh, dor, oh revolta

pobre poeta que afunda junto a nau da tristeza

sem ver a terra querida

cheia de beleza.

Pobre Ana Amélia

Pobre Gonçalves Dias

espero que tenham se encontrado

no céu das melodias

e das poesias.

Não deixaram que eu te ame

só por causa da minha cor

preconceito que fere o amor

causa enorme dor

oh meu Deus

oh meu Deus

não deixaram que eu te ame

minha linda flor.

Não deixaram que eu te ame...

Conde Diego O Poeta
Enviado por Conde Diego O Poeta em 27/03/2021
Reeditado em 27/03/2021
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