Não deixaram que eu te ame
Não deixaram que eu te ame
infâmia
perseguição
coisas de preconceito, por causa da raça
dor no coração.
Ana Amélia
pobre Ana Amélia
eu, Gonçalves Dias
fui proibido de tocar te o seu coração
tua família proibiu me de casar contigo
por causa da minha cor
um mestiço
isso é um castigo
ao meu pobre coração.
Que dor, meu Deus, que dor
este coração já não aguenta
vou me embora para Pasárgada, não
vou sair do Rio de Janeiro e voltar pro Maranhão
entregar-me- ei a dor e a solidão
ou ser tragado pelo mar revolto
sem ver minha terra adorada
Caxias, no Maranhão.
E eu fui
fui para o Maranhão
mais doente como estava
não aguentei a tribulação
quando o navio afundou
salvou- se a tripulação
e eu pobre coitado
não quis fugir do naufrágio
doente como estava
naufraguei com o navio e com a solidão,
nas águas do meu amado Maranhão.
Oh, dor, oh revolta
pobre poeta que afunda junto a nau da tristeza
sem ver a terra querida
cheia de beleza.
Pobre Ana Amélia
Pobre Gonçalves Dias
espero que tenham se encontrado
no céu das melodias
e das poesias.
Não deixaram que eu te ame
só por causa da minha cor
preconceito que fere o amor
causa enorme dor
oh meu Deus
oh meu Deus
não deixaram que eu te ame
minha linda flor.
Não deixaram que eu te ame...