A noite pelotense cabisbaixa

Sair por necessidade cedo da noite e sentir a noite chegando, mansa, mas fria.

Percorrer as ruas por entre alguns bairros para encontrar uma avenida.

Mas que avenida vazia! Noite de pouca chuva e os paralelepípedos choram.

As lágrimas que ali fazem itinerários encontram outras pessoas que por ali também passam.

Nos corredores de um atacado observando ao longe a longitude de cada pessoa

À proporção que murcha os olhos como se o coletivo estivesse à beira de um surto

Muitos sentem a proa desse barco infindável enfrentar uma tempestade, não uma garoa

À volta para casa é passar por mais ruas vazias de pessoas, de assuntos

Não que as pessoas não saiam, o povo transita, porém a gente percebe a diferença

Muitos lugares noutros tempos eram movimentos que até nos faziam questionar

“Quanta gente, quanto barulho, quanta aglomeração, permanência e inocência”

A inocência de nem saber que muita coisa iria mudar.

As pequenas pontes que fazem divisas por entre as ruas e avenidas

Estão sórdidas, angustiadas e irrefletidas

Parece que a prece implora por um novo parecer

Mas um mero instante nos traga a esfera de perecer

É como se a Bento estreitasse sua polidez

As partes da Duque ficassem pequenas ao anseio

E que o Laranjal junto a todos os bairros

Se colocasse em silêncio profundo, com receio

Divago e fico cabisbaixo, enfim, pelo triste pensar de muitas vidas perdidas.

E se o que dói no outro dói em mim, ainda que doa, não é o fim.

Não vai ser o fim.

Recesolo
Enviado por Recesolo em 25/03/2021
Reeditado em 25/03/2021
Código do texto: T7215955
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