A noite pelotense cabisbaixa
Sair por necessidade cedo da noite e sentir a noite chegando, mansa, mas fria.
Percorrer as ruas por entre alguns bairros para encontrar uma avenida.
Mas que avenida vazia! Noite de pouca chuva e os paralelepípedos choram.
As lágrimas que ali fazem itinerários encontram outras pessoas que por ali também passam.
Nos corredores de um atacado observando ao longe a longitude de cada pessoa
À proporção que murcha os olhos como se o coletivo estivesse à beira de um surto
Muitos sentem a proa desse barco infindável enfrentar uma tempestade, não uma garoa
À volta para casa é passar por mais ruas vazias de pessoas, de assuntos
Não que as pessoas não saiam, o povo transita, porém a gente percebe a diferença
Muitos lugares noutros tempos eram movimentos que até nos faziam questionar
“Quanta gente, quanto barulho, quanta aglomeração, permanência e inocência”
A inocência de nem saber que muita coisa iria mudar.
As pequenas pontes que fazem divisas por entre as ruas e avenidas
Estão sórdidas, angustiadas e irrefletidas
Parece que a prece implora por um novo parecer
Mas um mero instante nos traga a esfera de perecer
É como se a Bento estreitasse sua polidez
As partes da Duque ficassem pequenas ao anseio
E que o Laranjal junto a todos os bairros
Se colocasse em silêncio profundo, com receio
Divago e fico cabisbaixo, enfim, pelo triste pensar de muitas vidas perdidas.
E se o que dói no outro dói em mim, ainda que doa, não é o fim.
Não vai ser o fim.