Introspecção
Foi-se o tempo em que eu podia rir
Tal qual uma criança a gargalhar
Nos miúdes do meu quarto bate o peito acelerado
em desespero pra te contar mais do mais
Anseio pela arte da liberdade
Além do oceano a me esperar
Onde nenhum deles vai estar
Não sou de vidro
Mas em cacos me deixei ficar
E deles ressurjo
A cada caminhar
Apanho os pedaços que me compõem
Desmanchando-me em lembranças infelizes
embaladas em jornais rasgados
Enquanto cá dentro não há mais nada
Que possa servir a alguém
Apenas eu estou aqui
Desmanchando-me em lembranças infelizes
Fingindo não sentir
Até esquecer que sinto e minto.
Acordei cansada da monotonia
Dessas tardes frias
Sem poder sair...
Eu sei que é melhor ficar em casa
Mas vem a angústia dos sem chão
Não há o que fazer
Além de estar aqui sozinha, perdida
Em vida sem vida.