Introspecção

Foi-se o tempo em que eu podia rir

Tal qual uma criança a gargalhar

Nos miúdes do meu quarto bate o peito acelerado

em desespero pra te contar mais do mais

Anseio pela arte da liberdade

Além do oceano a me esperar

Onde nenhum deles vai estar

Não sou de vidro

Mas em cacos me deixei ficar

E deles ressurjo

A cada caminhar

Apanho os pedaços que me compõem

Desmanchando-me em lembranças infelizes

embaladas em jornais rasgados

Enquanto cá dentro não há mais nada

Que possa servir a alguém

Apenas eu estou aqui

Desmanchando-me em lembranças infelizes

Fingindo não sentir

Até esquecer que sinto e minto.

Acordei cansada da monotonia

Dessas tardes frias

Sem poder sair...

Eu sei que é melhor ficar em casa

Mas vem a angústia dos sem chão

Não há o que fazer

Além de estar aqui sozinha, perdida

Em vida sem vida.

Isis do Vale
Enviado por Isis do Vale em 21/03/2021
Código do texto: T7212511
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