DE REPENTE
No meu prédio só há gente de idade
A perder o prazo de validade,
É o vizinho que de repente,
Foi internado demente.
Um e outro os velhos vão-se embora,
Partem com destinos diversos.
Tudo porque chegou a hora,
De desvendar universos.
Universos duma outra vida que de repente
Se atravessa no nosso caminho,
Abreviando o triste destino
Que é mau e repelente.
Perde-se o gosto e o sabor do bom viver,
Agora só resta o travo amargo,
Duma vida dura de sofrer,
Que passa a ser fardo.
De repente tudo de mau nos acontece,
Viver já não mais nos apetece,
De tudo ficamos fartos,
Pior que fardos.
Ser idoso tem o seu custo bem pesado
Depois de longo penar e pecado
De repente não há solução
Atraiçoados pelo coração.
Um ponto final encerra a triste história
Do idoso que bastante resistiu
Que perde a sua memória
E que então sucumbiu.
Ruy Serrano - 20.03.2021