Numa tarde de sábado

Numa tarde de sábado

Percebi minha ausência

Calaram-se meus poemas.

Abrem-se janelas enormes

E minhas mãos rasgam o céu

Busco-me entre estrelas

Na sombra da lua

Em cada pôr-do-sol

Ausência de mim continua.

Vasculho mares, portos,

todos meus naufrágios...

Mergulho nas profundezas

do rio, saio púrpura de frio

Ausência de mim continua.

Pego carona no vento

Que me arrasta como

Se eu fosse um grão de areia deserto

Roda-moinho e o furacão atravesso

O vento cansado assobia

ausência em mim.

Encontrei-me no silêncio

Que por mim corre,

Que de mim corre...

Despido numa rua qualquer

Buscando memória

Perdido na paz

No silêncio me escondi

O silêncio calou meu poema

Numa tarde de sábado.