Estações
Dormiu na chuva dos amores de verão,
Na tempestade das angústias
No rito de passagem
Chorando sobre os candelabros.
Nas canelas secas do sol de outono
Tornou-se a lepra do chão,
Partindo em mil pedaços a reza
O labor, o suor e a ventura.
E nem na primavera sorriu
Porque as flores perfumavam defuntos
Que não sentiam nada,
Nem cheiro, nem lama, nem se mortos.
O inverno chegou frio como o inferno
Mais rouco que a desgraça
Mais duro que a miséria
Perene como a fome e a febre.
Seu ano durou um século.
Eras sem heras
Carne seca pendurada às moscas
Era a vida tripudiando dela.