é apenas um domingo.
e naquele momento,
deitado na minha banheira de água escaldante
eu sentia todas as variantes emoções ao mesmo instante,
as sirenes alarmantes, o vazio agudo do mundo, a brisa gelada do vento,
tentei gritar em silêncio, até toda a dor se esvaziar de mim, do meu pensamento,
tentei afogar minha frustração nessas águas tão calmas, mas que estavam prestes a aguentar o turbilhão,
as bolhas iam subindo e eu estava imerso,
estava ficando preso como poesia em verso,
estava ficando sem ar, desesperado por uma saída,
o dilúvio estava preste a acontecer, e eu estava me sentindo sem vida.
o vento sacudia a cortina rasgada e tão densa,
a monotonia navegava nas minhas veias,
era uma dor extensa,
eu estava cheio de hipérboles e paradoxos,
estava a ponto de riscar todos os fósforos,
e deixar queimar, até se apagar.
mas era só um domingo.
que são passageiros.
me levantei, me enxuguei por fora
enquanto me derramava por dentro,
afinal o mundo é feito de metáfora.