CORRENTEZA

Estamos morrendo numa forte correnteza que nós mesmos construímos,

estamos desistindo de tudo o que sonhamos e não sei se por medo ou ignorância.

Estamos à deriva no curso de um rio que não tem fim e,

que certamente nunca voltará para traz, estamos indo, sempre indo, indo cada vez mais distante de tudo que sonhamos para nós...

Neste curso, vamos deixando pelas águas, alguns fragmentos que fizeram parte de nossos sonhos, pedaços da muralha de um enorme castelo que mal fora erguido, detalhes de um amor quase perfeito,

que se despedaçou, se quebrou sem sentido...

Vamos indo e, observando as margens, figuras que pertenceram aos nossos sonhos e que são as mesmas que provocaram a brutalidade dessa correnteza, pessoas que se fizeram de amigas, que só queriam nos ver separados, pessoas invejosas, sem coração, sem amor, pessoas sem ninguém, pessoas muito sós, dignas de compaixão...

Vamos dando adeus aos pequenos momentos de felicidades e até de saudades, seja quando das brigas infantis que provocávamos e sem sentindo algum ou pelas duras verdades das quais não enfrentávamos para viver e, talvez seja pela falta de atitude para enfrentar alguns absurdos que estamos indo, sempre indo e indo cada vez mais distante de tudo o que sonhamos para nós.

O amor...