O RETORNO DA DAMA DA NOITE
É madrugada, o vento é frio
A Lua ainda no céu clareia
Pés descalços pisam a areia
Uma mulher, semblante sombrio
Calçados nas mãos seguros
Um corpo cansado por loucuras
De falsos amores, impuros
Sentindo prazer em desventuras
A dama da noite retorna, esguia
Procura sua cama para descanso
Pouco mais chega ele, o dia
Bem devagar, sorrateiro e manso
Na bolsa algum sacrificado dinheiro
Que talvez não valha a pena
Dos bolsos de mais um cavalheiro
Dessa vida que ela chama arena
É seu trabalho, a família não sabe
Imagina ser um emprego noturno
No seu rosto tristeza não cabe
Mais um lance, mais um turno
Abre a porta, entra, tem muito sono
Embaixo do chuveiro lágrimas
Se sente impotente, em abandono
Sua vida é composta de páginas
Na noite seguinte tudo se repete
Um drink, um olhar, mais sexo
Palavras ditas soltas, sem nexo
A dama, uma simples marionete