O RETORNO DA DAMA DA NOITE

É madrugada, o vento é frio

A Lua ainda no céu clareia

Pés descalços pisam a areia

Uma mulher, semblante sombrio

Calçados nas mãos seguros

Um corpo cansado por loucuras

De falsos amores, impuros

Sentindo prazer em desventuras

A dama da noite retorna, esguia

Procura sua cama para descanso

Pouco mais chega ele, o dia

Bem devagar, sorrateiro e manso

Na bolsa algum sacrificado dinheiro

Que talvez não valha a pena

Dos bolsos de mais um cavalheiro

Dessa vida que ela chama arena

É seu trabalho, a família não sabe

Imagina ser um emprego noturno

No seu rosto tristeza não cabe

Mais um lance, mais um turno

Abre a porta, entra, tem muito sono

Embaixo do chuveiro lágrimas

Se sente impotente, em abandono

Sua vida é composta de páginas

Na noite seguinte tudo se repete

Um drink, um olhar, mais sexo

Palavras ditas soltas, sem nexo

A dama, uma simples marionete

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 21/01/2021
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