O "eu" morrendo

Estou morrendo.

Não há nenhum tipo de doença específica que ataca meu organismo, digo visível.

Parece beirar a um suicídio.

Um eu me matando aos poucos.

Não lembro quando iniciou este processo, porém, hoje tenho consciência.

O que me acomete, não é apenas reflexo do tempo, de aceleração celular, é uma tristeza evolutiva.

Aos poucos foi aparecendo e se tornando constante.

Não sei se pode ser depressão, porém, vai apagando a luz.

Não iluminou e não aceito esta situação.

É uma espécie de frustração por não conseguir o que busquei...e a cada dia a distância fica maior.

Talvez essa doença tenha a ver com conhecimento. Busquei tanto entender a alma humana que me perdi. Descobri as limitações, algumas práticas que podem vir a funcionar, direcionar a mente e pensamentos, e nem assim consigo me impulsionar.

Eu quero um gole e relaxar, quero um cigarro para divagar, pensar...pensar...pensar...e me culpar.

A resistência é companheira e age como a gravidade, me mantém no chão.

Os sonhos são cada vez mais ausentes, assim como a ilusão.

A esperança é como uma vela a pouco apagada, ainda vê vestígios de fumaça,

Parece lutar para ficar acesa, não há chama, apenas brasa.

Se rezo? Claro, isso é o que mais faço. Não tenho amigos, reclamo a Deus, suplico, me revolto, me aproximo e me afasto.

Queria crer sem pestanejar, mas se torna difícil, pois tudo tenho que duvidar.

Não tenho consolo na fé, nem amigos para compartilhar. Me armo com a revolta, por coisas não conquistar.

Estudo, busco conhecimento, vou atrás, não sou de esperar. Mas o ponteiro dos segundos não param, e faz corpo e mente fraquejar.

Mesmo assim não desisto, me frusto e não paro de lutar. A raiva só vai crescendo, em meu peito acumular.

Eu queria ser passivo, ser grato, me acomodar.

Vivo em batalha intensa, se eu morrer, será eu quem vai matar.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 18/01/2021
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