Lírios e vestes brancas...

Trajando vestes brancas

Desnudei-me, diante de ti

Meu eu

E minhas humildes

Esperanças...

E os lírios, com cuidado

Empunhados

Foram - vejam só! -

Pisoteados...

As vestes, outrora brancas,

Dilaceradas

Em farrapos se fizeram...

(Situa-te, poeta!

Nessa época hi-tech

Os sentimentos, já eram...).

Pois há amores que se perdem

Sem nunca terem se achado...

Não, não deve haver

Almas gêmeas

Mas almas, apenas.

Visões tão distintas

Que é possível pintar

Tantos quadros diferentes

Com a mesma tinta...

Não minta!

Se a ti pareceu

Meu entusiasmo

Imposição

Minha vontade

Delírio ou ânsia e

Minha luz

Breu

Então, algo se perdeu?...

Entre o coração, que a ti

Ofereci

E o punho metálico

Que o espremeu.

Sangro,

Sangra o meu amor...

Para um dia, quem sabe

Se recompor

Cicatrizado?

Como uma ferida, ou tumor

Em coágulos...

Pois assim é a vida

Eu trajei vestes brancas

E colhi lírios

Vesti a ilusão, apaixonado

E caí, ingênuo:

Prostrei-me de joelhos

Mutilado...

Ó amor, infernal tormento

Mesmo ajoelhado,

Sangrante e estilhaçado

Louvo esse caprichoso

Cruel

E sublime

Sentimento

(Sejas tu eterno

Ou efêmero.

Questão de momento...).

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 05/01/2021
Código do texto: T7152313
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