Lírios e vestes brancas...
Trajando vestes brancas
Desnudei-me, diante de ti
Meu eu
E minhas humildes
Esperanças...
E os lírios, com cuidado
Empunhados
Foram - vejam só! -
Pisoteados...
As vestes, outrora brancas,
Dilaceradas
Em farrapos se fizeram...
(Situa-te, poeta!
Nessa época hi-tech
Os sentimentos, já eram...).
Pois há amores que se perdem
Sem nunca terem se achado...
Não, não deve haver
Almas gêmeas
Mas almas, apenas.
Visões tão distintas
Que é possível pintar
Tantos quadros diferentes
Com a mesma tinta...
Não minta!
Se a ti pareceu
Meu entusiasmo
Imposição
Minha vontade
Delírio ou ânsia e
Minha luz
Breu
Então, algo se perdeu?...
Entre o coração, que a ti
Ofereci
E o punho metálico
Que o espremeu.
Sangro,
Sangra o meu amor...
Para um dia, quem sabe
Se recompor
Cicatrizado?
Como uma ferida, ou tumor
Em coágulos...
Pois assim é a vida
Eu trajei vestes brancas
E colhi lírios
Vesti a ilusão, apaixonado
E caí, ingênuo:
Prostrei-me de joelhos
Mutilado...
Ó amor, infernal tormento
Mesmo ajoelhado,
Sangrante e estilhaçado
Louvo esse caprichoso
Cruel
E sublime
Sentimento
(Sejas tu eterno
Ou efêmero.
Questão de momento...).