A Ultima Viagem

Me sacode

Me balança feito trem lotado

E de fato, a gente se encosta

Se segura onde pode

Mesmo que no fim da tarde venha o tombo

Cabeça cheia de tudo

Trabalhando feito puto

E esse nem é o fundo!

A gente cai ou suporta?

É o dilema que bate e volta

Igual ao ioiô

E eu vou...

E eu tô...

Como árvore que envelhece

Madeira que apodrece

Mas a mente não esquece

E até o tempo compadece

Deixando aqui um pouco de memória sem fim

Mas deixe-me ir

O trem já deve partir

E o com o decorrer de mais um dia

Tenho fé no meu guia

Que no fim do batente irei me deitar

Recostar o meu velho e cansado corpo

Deixando de lado esse desgosto

Que nada me agrega

Só me apega

Aonde eu não deveria estar

E por fim, os olhos pesados

Um corpo deitado

Um copo de lado

E um cigarro apagado

A cidade emana seu habitual som

O rádio toca mais uma canção

Enquanto eu me deito e recordo

Aqui jaz um coração.