A Ratoeira
Eu era um mísero rato
A perseguir
A saciedade da fome...
Quando senti
O aroma do queijo
Desejo...
Fui ao seu encalço
Dei-lhe a primeira
E saborosa
Dentada
Quando senti a haste
(Cadafalso!)
Da ratoeira
A rasgar-me as carnes...
Agora, aguardo a Morte
Resta-me só o consolo
Do fino queijo
Que rôo devagar
Como devagar esvai-se
A minha vida...
Homem! Põe o dedo
Em tua ferida!
Não és melhor que um rato
E, tuas escolhas, prisioneiras
São tais como se fossem
Ratoeiras...
Pela comida,
Pela família,
Pelo trabalho,
Morres um pouco
A cada dia...
Perdendo tudo aquilo
Que "serias"...
(As coisas que nos cativam são, afinal, aquelas que nos cativam...).