A Ratoeira

Eu era um mísero rato

A perseguir

A saciedade da fome...

Quando senti

O aroma do queijo

Desejo...

Fui ao seu encalço

Dei-lhe a primeira

E saborosa

Dentada

Quando senti a haste

(Cadafalso!)

Da ratoeira

A rasgar-me as carnes...

Agora, aguardo a Morte

Resta-me só o consolo

Do fino queijo

Que rôo devagar

Como devagar esvai-se

A minha vida...

Homem! Põe o dedo

Em tua ferida!

Não és melhor que um rato

E, tuas escolhas, prisioneiras

São tais como se fossem

Ratoeiras...

Pela comida,

Pela família,

Pelo trabalho,

Morres um pouco

A cada dia...

Perdendo tudo aquilo

Que "serias"...

(As coisas que nos cativam são, afinal, aquelas que nos cativam...).

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 03/01/2021
Código do texto: T7150617
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