Rendição

Estou cansado de fugir...

Se eu fosse um criminoso,

Me entregaria...

E, paradoxalmente,

As grades e o concreto

Trariam a proteção não encontrada

Ao ar livre, ao céu aberto...

Mas não cometi nenhum crime!

E a culpa?

A culpa vem do fato de eu ser

Dubiamente

Eu(s) mesmo(s)...

E apesar do entendimento,

De todo os reveladores

“Insigths” de autoconhecimento,

O que resta?

Resta a vontade de erguer

As mãos ao alto

Num gesto de impotência

Ser algemado, coagido

Ser conduzido

A uma cela solitária

Com paredes cruas

E a um pôr do sol que nasce

Entre barras de ferro

Um pequeno quadrado emoldurando o céu infinito...

(A paz dos condenados,

O estancar do tempo

Em uma pena perpétua...)

Por quê? Como dizia o poeta:

“Por tanto amor

Por tanta paixão

A vida me fez assim...

Doce ou atroz,

Manso ou feroz,

Eu, caçador de mim...”

Caça e caçador, diria outro cantor...

E eu?

Eu me rendo...

Citando incidentalmente: Milton Nascimento e Fábio Jr.

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 25/12/2020
Código do texto: T7143564
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