malditos velhos hábitos

Uma da manhã

Mais uma madrugada em claro com a minha mente indo longe

Não posso negar que esse é um acontecimento que vem se tornando algo corriqueiro

Tenho tentado mudar, fazer as coisas serem diferentes

Mas ainda me encontro aprisionado a isto

Como um grande criminoso a praticar pequenos delitos

Me iludo com a crença de que jamais serei punido

Cartas sobre a mesa; a verdade vem à tona

A inquietude tem dominado os meus pensamentos

E consequentemente me feito refém

Temores de um futuro, reflexos de um passado

Será que alguém poderia me dar a certeza de que tudo vai ficar bem?

E no fluxo intenso da mais pura turbidez

Minha mente me prega uma outra peça

Um copo vazio na mão;

E um olhar perdido voltado para a parede

Enquanto as horas seguem passando a fio por mim, não sei

O que fazer para me livrar dessa péssima sensação

Dizem que o carma é o preço que temos a pagar

Por qualquer coisa que algum dia já tenhamos feito

E é em minhas peregrinações noturnas que então percebo

Esta foi a cruel penitência que o universo me reservou

Há algo bom em mim?

Sim, eu sei que há algo bom em mim!

Apesar de que minha cabeça constantemente insiste em dizer que não

Acredito que necessito de doses generosas de dopamina

Ou algum evento verdadeiramente catártico

Para me libertar dessa maldição à mim rogada pelo destino

Eu poderia clamar aos céus por perdão

Mas seria apenas um desperdício de oratória

Poderia pedir aos anjos para que tirem tal encanto que paira sobre mim

Mas já faz muito tempo desde que eles me deixaram

Sou uma alma solitária, castigada pelo tempo

Que tolamente tenta refutar a realidade

Mas a quem quero enganar?

Eu não sou bom, já conheci o mal

Cedi a uma cadeia de sentimentos que não deveria experimentar

E por todos os meus malditos velhos hábitos

É que sigo transtornado por este contemporâneo tormento