Terapia
Uma parte de mim escureceu
Mergulhou em algo profundo
Há dias em que sou preto e branco
Noutros opaco apenas
A televisão há muito perdeu espaço
Jornais e revistas pesam toneladas
Creio ser doença moderna
Dessas que se cura com papel, caneta e divã
As conquistas alheias não me comovem
Ao contrário, elas são como dias cinzas
Nuvens densas com ameaças de chuva
E a eterna vontade de deitar, dormir
Por dentro sinto medo
De ser o fim,
Mas gosto disso
Essa sensação de fracasso
Dita o ritmo dessa valsa-morte- lenta
O ser gelado que em mim habita
Fez do mundo ao meu redor
Um palco para meus experimentos
Fez renascer a alma de um homem
Hoje consegui abrir os olhos
Não reconheci o meu reflexo n'água
Talvez eu tenha perdido a fé
Deixei de ser humano e morri