Para Maria
Não quero romantizar a dor,
Nem aprender com ela.
Quero denunciar, nesse compor,
O que ouvi de quem viviu nela.
Minha mãe, Maria, como tantas,
Viveu os dissabores da vida.
Criança, sofreu igual as santas
Emudecidas com as faces sentidas.
Não teve pai, e pra quê o teria?
Para espancar sua carne,
Maltratar sua alegria?
Teve mãe assim como toda Maria.
Em tudo sempre a dor. Em toda parte.
E dela se desfez como que em profecia.