UM CABO: UM GRANDE HOMEM
Em homenagem ao cabo Valério, morto após a greve dos policiais militares em Belo Horizonte, junho de 1997
Multidão alucinada
Grandes homens se esgoelam ante o poder
Descabelam, choram, empurram
A multidão é fera, é cega
Tateante, ele se ergue
Abre os braços
Leva as pregas vocais ao limite
Pede socorro
Calma
Paz
Da invisibilidade
Um aço lhe atinge
Cale-se
Ele cambaleia e
Cai
Muitos assistem, poucos ajudam
Deus, perdoem, eles não sabem o que fazem
Ele olha
Ainda respira
Mulher, filhos e amigos
Passam na mente
As lembranças são logo furtadas
O espírito lhe abandona
Carregado
Não mais se levanta
Muitos lamentam e a alma geme
Armas ainda em punho são silenciadas
Homens e mulheres se afastam...
Um grande homem se foi...
Lúcio Alves de Barros