Ausentes

Estamos presos a imensidão do cosmos,

Rodando em volta de uma esfera quente,

A gravidade nós limita a ida,

Espaço é apenas ilusão da mente.

Deuses no Olimpo controlando tudo,

Sair da linha, eles castigam a gente,

Inundações ou fogo consome o mundo,

E mandam pestes, vírus, ratos ou serpentes.

Países ricos e capitalistas,

Ditam o consumo de forma inconsequente,

Quem pode paga, quem não pode chora,

E são as coisas que definem a gente.

És comando por um pseudo líder,

Governa a todos de forma incoerente,

Deseja aos filhos uma vida vadia,

E ao povo escravo, submissão ao trabalho "descente".

E se limitado a uma cidade fria,

Que todos passam mas estão ausentes,

Pessoas sofrem ao raiar do dia,

Passam as noites chorando, descrentes.

Em uma selva de tecnologia,

Canibalismo é prática frequente,

Devoram a alma servida em fatias,

E o corpo vai apodrecendo lentamente.

Foi condenado pelo próprio medo,

Pôde escolher culpado ou inocente,

Uma prisão segura e envolvente?

Ou a liberdade? Lugar que todos te julgarão como inconsequente?

Por isso choras nesta cela fria,

Abdicou ao que te fez contente,

Se limitou ao que definem mundo,

E quando mudo, outros são fluentes.

Sem a coragem, vai vivendo os dias,

E em teu peito, indignação frequente,

Espera a morte como a saída,

Pois nesta vida é mais um ausente.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 17/11/2020
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