Canto Disfônico
Eu escrevo torto, fora da linha, fora de foco
Eu sorrio tosco, desfocado e triste
Um rascunho manchado, amassado, maquiado
Tinta de lágrimas, pincéis quebrados, gotas da alma
Alma derramada, despejada, ressecada
Um deserto inteiro após a deságua
Queda infinita de anseio e mágoa
Lembranças que afloram, no abismo jogadas
Passos lentos de uma dança sem fim
Acorde quebrado de um violino marfim
Vibrato, recaio, grito e engasgo
Com tua sinfonia cruel ecoando em mim
Levanto torpe me apoio no vento
Suave brisa que sopra de ti
Teu canto serêiaco, magia que envolve
Palavras de encanto decretando meu fim.