MEU REFÚGIO

Num repente, sinto-me só.

Não vejo flores, passarinhos cantando,

A solidão angustiante me acenando,

E eu para ela me livrar busco alternâncias,

Consultando meu coração que bate calmo,

Num momento de tristeza que não cessa.

Aconselha olhar para a natureza agredida,

Que também sofre com tantas maldades,

Homens insensatos que tocam fogo nas matas,

Matando animais, passarinhos, rios que secam,

Cachoeiras mimosas que perdem suas belezas,

E árvores tão belas que tombam chorando.

Busquei então alternativas para minhas dores,

Num consolo que então me deu caminhos,

Que deveria seguir para diminuir minhas angústias,

E num repente quase que num passo de magia,

Vi novamente flores perfumadas que a brisa traz,

E no sorriso das crianças a alegria de viver.

Vi novamente o Sol se despedindo no entardecer,

E no seu derredor nuvens ansiosas se colorindo,

Numa profusão de cores que até me extasiei,

Amarelas se mesclando com o vermelho rubro,

E temperando a cor laranja parecendo brincar,

Até que meu coração se abriu em sorrisos.

A noite calma que vai estendendo seu manto,

Parecendo cobrir as matas que estão dormentes,

Chama então a Lua que surge lá longe tão calma,

E as estrelas do Céu querendo com ela brincar,

Piscando sem cessar como se fossem crianças,

E os enamorados se abraçam enternecidos.

Vi que meu refúgio estava nessas alternâncias,

Que muitas vezes com minha namoradinha,

Procurei afoito e meu coração se entregava,

Até que um dia tudo cessou pela sua partida,

E eu triste e desolado me refugiei nas dores,

Sem saber que ela me desejava muitas alegrias.

Jairo Valio - 31-10-2020