Não dei nenhum título
As vezes minha cabeça flutua
Abduzida por pura tristeza
Como o olhar no vão das plantas
Me diz mais do que acreditei e vivi.
Já não rimo versos
Apenas os deixo sair
Os deixo chorar e borrar
Os deixo lembrar.
Como um céu pode ser tão misterioso
E ao mesmo tempo comum
Uma estrela pode ser desenhada por uma criança
E destruida numa noite de solidão
Sou um vaso em estilhaços
Que algumas pessoas tentam
E tentam sem sucesso
Colar os pedaços
Já não lembro que gosto tem
A chuva nos lábios
O sabor do amor
Nem quem sou
Mas eles saem as vezes
E eu os deixo correr
As vezes penso que estou feliz de mais
Para ser poeta.