PLATÔ
Coloquei-lhe no andor
E ajoelhei-me aos seus pés
Quando me olhou deste platô
Execrou-me só com o seu viés
Forjou um jugo de ferro
Para envergar minha cerviz
E condecorou de modo austero
A quem um dia foi seu aprendiz
Cegou-me os olhos
Sangrou os meus tímpanos
Volveu minha cabeça em torcicolo
Coseu minha boca como de um profano
Atou com exaspero minhas mãos
Com um vetusto arame farpado
A alegria emanava no jargão
Pelo rubro sangue gotejado
Rasguei as minhas vestes
De por ti arrastar pelo solo
Não atendidas minhas preces
E mais uma vez eu imploro
Toque a Cítara aí do Panteão
Somente tua existência é ditosa
Mas não trespasse o meu coração
Se não for de uma maneira virtuosa