PLATÔ

Coloquei-lhe no andor

E ajoelhei-me aos seus pés

Quando me olhou deste platô

Execrou-me só com o seu viés

Forjou um jugo de ferro

Para envergar minha cerviz

E condecorou de modo austero

A quem um dia foi seu aprendiz

Cegou-me os olhos

Sangrou os meus tímpanos

Volveu minha cabeça em torcicolo

Coseu minha boca como de um profano

Atou com exaspero minhas mãos

Com um vetusto arame farpado

A alegria emanava no jargão

Pelo rubro sangue gotejado

Rasguei as minhas vestes

De por ti arrastar pelo solo

Não atendidas minhas preces

E mais uma vez eu imploro

Toque a Cítara aí do Panteão

Somente tua existência é ditosa

Mas não trespasse o meu coração

Se não for de uma maneira virtuosa

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 27/10/2020
Código do texto: T7097406
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