A distância de mundos tão juntos
Pertenço a um lugar tão meu
Tão impenetrável
Tão distante
Sinto daqui o aroma da dor
A vida penetrando a solidão
O vazio obscuro
Daqui a beleza é um momento vão
A faísca dos sonhos
Preste a acender as chamas
Enquanto uma só gota de chuva
Dissipa o que iria nos aquecer
A vida passa a adiante
Distante feroz ausente
O colapso fecundo da melancolia
A vibração abundante
Da falta de serotonina
Sinto o pesar da melodia
Tocada naquela sinfonia
De uma noite que se fazia poesia
A arte vibrante da pele cortada
Da alma nua, arregaçada
Sentia o dedo fincar a ferida não cicatrizada
A pele a latejar em agonia
Sentia os pelos arrepiarem
Era sinal de vida ou de morte?
Era algo ou não era nada?
Quando foi que meu corpo dilacerado foi curado?
É sempre amagado
No leu da cura
Precoce
Meu grito arfa
Meu peito arde
Meu eu...
Eu...
Eu estou jogada
Com as minhas feridas por curar
Num caminho estranho
Vejo a luz
Vejo a escuridão
Aprecio os dois
Sinto a leveza de ambos
Tenho medo de ambos
Minha sina...