O voo do corvo
O voo do corvo.
Desfaleces à minha frente, para tristeza de minha alma,
Tua morte transformarei em versos,
E tua vida em estórias de suspense e agonia,
Nasci para a desilusão, tranquei-me em um calabouço,
Deixei cair sobre mim os piores desejos,
E a nada almejei que não me trouxesse amargura e dor,
Sentado em minha maca com pensamentos doentios,
Exalto o terror e a loucura,
Entre um e outro deixo-me embriagar,
Insisto em me tornar sóbrio, só para de novo se entregar ao vício,
Mas de meu interior brotam as mais belas obras,
Deixo de legado junto à minha história.
Minha amada se foi, tão jovem e bela,
Arrancada de mim sem meu coração estar preparado,
Assim como a vida que se esvai,
Tento a apressar para ir de encontro à escuridão,
Mas ela se nega a apresentar-se a mim,
Em meus devaneios transformei toques em maldição,
Versejei sobre cavalos e castelos,
Desvendei mistérios e me entretive com mortes e decepções,
Em meus dias frios me aquecia com o suspense,
Nos dias claros com as críticas à sociedade e a seus feitos,
Nas noites de amor com as poesias.