O voo do corvo

O voo do corvo.

Desfaleces à minha frente, para tristeza de minha alma,

Tua morte transformarei em versos,

E tua vida em estórias de suspense e agonia,

Nasci para a desilusão, tranquei-me em um calabouço,

Deixei cair sobre mim os piores desejos,

E a nada almejei que não me trouxesse amargura e dor,

Sentado em minha maca com pensamentos doentios,

Exalto o terror e a loucura,

Entre um e outro deixo-me embriagar,

Insisto em me tornar sóbrio, só para de novo se entregar ao vício,

Mas de meu interior brotam as mais belas obras,

Deixo de legado junto à minha história.

Minha amada se foi, tão jovem e bela,

Arrancada de mim sem meu coração estar preparado,

Assim como a vida que se esvai,

Tento a apressar para ir de encontro à escuridão,

Mas ela se nega a apresentar-se a mim,

Em meus devaneios transformei toques em maldição,

Versejei sobre cavalos e castelos,

Desvendei mistérios e me entretive com mortes e decepções,

Em meus dias frios me aquecia com o suspense,

Nos dias claros com as críticas à sociedade e a seus feitos,

Nas noites de amor com as poesias.

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 10/10/2020
Reeditado em 10/10/2020
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