Canção Para Ninar o Pantanal ( Elegia )
Canção Para Ninar o Pantanal ( Elegia )
Delasnieve Daspet
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O meu canto é um canto que sangra.
As lágrimas, gotas de sangue, sulcam a face,
Como as labaredas que sobem,
Línguas lascivas, de chamas,
Que queimam vidas em todo o Pantanal.
Os riachos, as baias, e os corixos cozinham a fauna e a flora
E o sangue verte por seus canais.
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O fogo destrói tudo.
Agride a terra, Pachamama, nossa mãe.
Mata os animais, nossos irmãos.
Coitados, fogem... mas vão para onde?!
A destruição está em todos os lugares.
Pássaros, aturdidos, abandonam seus ninhos e filhotes.
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As árvores, também... ontem, suas copas farfalhavam,
Balançavam, lado a lado,
Dando passagem aos ventos...
Jazem, sem vida, enegrecidas, carvão!
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Morreram as frutas, alimentos dos cerrados,
Araticum, Guavira, Tarumá, Jenipapo,
Matavam a fome e perfumavam a Terra...
Findam-se as águas exuberantes,
A balburdia das aves,
O gato Maracajá, a Onça, a Preguiça, o Tatu, o Tamanduá,
O Lobo Guará... as Borboletas, as Formigas, as Cobras,
A gigante Sucuri...
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Homem, é hora de parar e examinar
A sua sede de extermínio.
De agressão à vida.
Somos parte do sistema.
E vens falar de e ecologia, de sustentabilidade, de educação ambiental,
Agindo de forma oposta?!
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A minha elegia é uma canção de dor.
Choro o aspecto desolador. Onde havia vida, há morte,
Tristeza e solidão cinza,
Braseiro e névoa que confundem a visão.
Minha melancolia e tristeza te abraça, Pantanal,
Num pedido de perdão e de Paz!
Campo Grande, 16 de setembro de 2020