Meu vício, Meu vazio
Nem meu corpo eu posso vender
A minha alma já está vendida,vencida.
O meu corpo ninguém quer
A carne flácida, a pele crespa e enrugada
Os ossos quebradiços
Os órgãos frágeis,sensíveis, vulneráveis
Sou um saco de estrume envelhecido,com fungos e bolor em abundância,
Um verdadeiro banquete para vermes e urubus,
Eles me desejam e me espreitam - ansiosos à espera do deleite final,
Eu não valho nada, na imensidão do vazio social.
Um vento lambe meu rosto e então sinto que ainda há vida neste corpo inerte em cima, de notícias velhas, embaixo da marquise da cidade turística.
Aos poucos sinto a dor latejante nos ossos,
Mas não é uma dor dolorida
É uma dor de fome, uma faminta vontade de renascer, de reviver
O vento sopra mais forte e então consigo com dificuldade erguer as pálpebras pesadas, causadas pelo efeito posteriori a empreitada diária.
Abro os olhos. A primeira imagem que vejo não é um sol, não é a lua, nem tampouco o mar.
É ele. Brilhante, reluzente, viril, potente e translúcido diante de mim, impedindo-me de continuar a pensar em qualquer plano futurista e real.
Sorri-me, me comove , me seduz e mais uma vez me deixo levar pela sua embriaguês amoral.
Sugo, bebo, embebeço,tal qual uma criança sedenta do afeto e da fome do peito.Entrego-me fácil e então me embriago de novo, na embriagues do seu amor líquido e saboroso!
Só por hoje, eu me deletei mais uma vez. quem sabe amanhã, talvez...talvez!