Talvez II

Talvez eu a ainda pense em você, o suficiente para ser hipócrita e te esquecer

Talvez eu não tenha me cortado o bastante e dito a eles que ainda sofro

Talvez eu corte e deixe jorrar o sangue

Talvez eu não mereça o céu

Esqueça que existo e me leve para o exílio

Talvez eu rasgue esse poema como fiz com aquelas roupas

Talvez seja um monstro, certamente sou um monstro

Talvez coloque um final na vida alheia para dizer que a minha existe

As palavras se cruzam mas a dor não passa

Carrego todo fardo de ter uma cicatriz em meio ao mundo de porcelana

Talvez eu rache e troque esse vaso

Não queria chorar por lembrar que ela foi embora

Para sempre, sempre e sempre

Talvez eu seja o astro que cometa suicídio

Delírio, rio, sorrio

Não a procure se és apenas o mero lixo que não a ajudou enquanto sangrava

A faca afiada que cortou suas asas estavam em suas mãos o tempo todo

O tempo todo você foi o senhor que caçava anjos

Talvez a poesia me condene ao inferno

Pois essa noite matei um anjo

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 30/08/2020
Código do texto: T7050214
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