Talvez II
Talvez eu a ainda pense em você, o suficiente para ser hipócrita e te esquecer
Talvez eu não tenha me cortado o bastante e dito a eles que ainda sofro
Talvez eu corte e deixe jorrar o sangue
Talvez eu não mereça o céu
Esqueça que existo e me leve para o exílio
Talvez eu rasgue esse poema como fiz com aquelas roupas
Talvez seja um monstro, certamente sou um monstro
Talvez coloque um final na vida alheia para dizer que a minha existe
As palavras se cruzam mas a dor não passa
Carrego todo fardo de ter uma cicatriz em meio ao mundo de porcelana
Talvez eu rache e troque esse vaso
Não queria chorar por lembrar que ela foi embora
Para sempre, sempre e sempre
Talvez eu seja o astro que cometa suicídio
Delírio, rio, sorrio
Não a procure se és apenas o mero lixo que não a ajudou enquanto sangrava
A faca afiada que cortou suas asas estavam em suas mãos o tempo todo
O tempo todo você foi o senhor que caçava anjos
Talvez a poesia me condene ao inferno
Pois essa noite matei um anjo