Agreste

Meu desespero me rói

e todo me desconstrói

sobre as vinte palavras

que giram ao redor do sol

e em tudo diz o seco...

soo João Cabral com tudo

que somente fala

e falo somente de facas

com sobras de fome em suas lâminas

que, ora, dialogam com a gula dos homens

na ira

e sob o que tudo passa.

sou nesse meio

à paisagem agreste

Nordeste

a sol estridente

que queima, machuca e marca

que fere, maltrata e mata

o sonhos do inocente

e a que todo se inclina

e que, infeliz

cerra os dentes

diante de impiedoso clima

do que minha língua escancara...

das mínguas

da boca já sem saliva

ainda falo pra quem sei que falo

aos que tem sono de morto

e que carecem de despertador

aos que são solo caatinga

que batem à porta a socos

e que vivem qual rapinas.