Cascas de Alma

Vazo como água de chorume

Vago como o vaso remendado no encontro de paredes

Seco como a Sede do retrato

Rasgo que não segura na rede

Não ha amor em minhas entranhas

Vazou-se doce e lento

Vagou-se no calar do argumento

Vestiu-se com a casaca fria do tempo

Ouço tiros de afrontos e meu peito é atingido

Meu medo, melindre, mede minha mordaça

Mordida de passado medonho e malandro

De presente, fruto que apodreceu.

De trás pra frente, só fui cascas,

tropeços de inquietudes

A ira da voz calada

Essência de cebola descascada

Vácuo, volátil e vazio

Vislumbre vesgo de um horizonte feliz

a cada verso, o fardo vivo

De nascer e ser, eternamente

Descascado !