Dis(fa[r]ces)
Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: vai Hermenegildo! Ser gauche na vida
As casas espiam os homens
Que não correm atrás das mulheres
A tarde talvez fosses um arco-íris
E houvesse outros desejos
O bonde passa cheio de músculos
Músculos brancos, pretos e amarelos
Pra quê tantos músculos, meus deus, pergunta
Meu coração
Porém meus olhos
Não perguntam nada
O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode
Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco
Mundo mundo diverso mundo
Somos oriundos da mesma concepção
Mundo mundo diverso mundo
Mais diverso é a minha nação
Eu devia mais dizer
Mas essa rua
Mas esses ataques
Botam a gente tão vítima como o diabo.
Inspirado em https://youtu.be/1pBXk4jl-Nc. Carlos Drummond de Andrade