Estradas Velhas

Estradas velhas que do antigo chão meus pés conhecem,

Andando, passos eternos que não perecem,

Do mundo, marcas,

Do ser, falhas,

Cansaços deixados no asfalto,

Sem correr, só andar, sem salto.

Estradas velhas que foram deixados conhecidos,

Agora, desaparecidos,

Muitas vezes até trilharam do meu lado,

Mas o destino, cruel, tornaram fardo,

Mentiras deixadas em quebra-molas,

Verdades que ecoam nos encostamentos,

Ecoam nas arvores, juramentos,

Deixaram-se na aventura andarilha,

Amizades, amores, sabores e farroupilha,

Nos verões, calores que se davam mindinhos,

Nos outonos, passo em floras secas no matutino,

Nas primaveras, flores que desabrocham em curiosidade,

Nos invernos, roupas quentes com pessoa e um chocolate,

Estações que passavam nas estradas velhas,

Paradas em casas de telhas,

Criavam climas, mas sem as estações,

Eram tempos e tempos, que se faziam canções,

Estradas velhas que nos deixam nomes,

De tanto andar, faziam bolhas, vinham as fomes,

As vontades e debates,

Discussões e acusações,

Versos e desavenças,

Mudar e repudiar de crenças,

Estradas velhas que não nos mudam,

Mas que mudam de acordo com que mudamos,

De todos os sentimentos, prevalece-se sermos humanos,

Pois erramos, sentimos amor e raiva,

Mas nenhum é médico como a Paiva,

Estradas velhas cheias de armadilhas,

Dentre elas, nossas próprias ilhas,

Caminho este, quase infinito,

Transformando nossas histórias em mitos,

Estradas velhas, acompanhadas da viola e violão,

Biomas e biomas, secos como o Sertão,

Estradas velhas que cobiçam nossa presença,

Nossos inícios e nossas sentenças,

Estradas velhas, que, jamais mudarão,

Pois estradas velhas, o que há de mais,

É chão.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 02/07/2020
Código do texto: T6994411
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