Borboletas em mim
Não quero usar-me como adorno
Nesse louco trocadilho de saudade
Fazendo-me buscar muito no pouco
Enquanto o sol rabisca a sua imagem
Eu olho as borboletas e as invejo
Porque são luzes, pequenas e belas
Desejo tanto mais do que observo
Ser cor, ser livre nessa linda aquarela
Enquanto a mim, de amor plangente
Me encolho com frio nessa metamorfose
Quem sabe eu encontre um pedaço estridente
No silêncio que alucina dessa overdose
Quem sabe bem mais, mais que as borboletas
Eu seja o sol, a lua e o mar?
Quem sabe com o brilho, com o sal eu esqueça
Da dor tão filha que pus-me a criar
E de olhos pesados, fique só a leveza
Que alcance minha alma, tocando-a com as mãos
E dentro do meu peito nasçam borboletas
Cumprindo em mim uma migração.
Em 01 de julho de 2020
10:34