Gafanhoto
Ninguém te chamou aqui, gafanhoto. Era apenas eu e a flor. Mas você insistiu em querer arrancar algo de nós. Como eu não possuía formosura, você me desprezou. Mas minha flor tu arrebataste. Numa fome insaciável, despedaçaste aquilo que me era mais valioso. Que maldade, gafanhoto. Gostaria que alguém te destruísse também. Mas alças voos altos de mais para que eu pudesse te alcançar. Tudo o que posso fazer é lamentar pela minha flor e desejar que morras. Enquanto você voa impunemente, eu fico aqui sozinho com minha dor. Talvez eu ache consolo junto àqueles que também foram destruídos por sua voracidade. Vão se as flores, escapam-se os gafanhotos, e enlutados ficam os que ficam. Que maldade, gafanhoto!