TORMENTA
Um etéreo acampamento
Prepara um conluio tenebroso
No digladie constante com o vento
O relicário é cada vez mais nebuloso
Difere do prenúncio do cair de tarde gris
Mas uma torrente de pavor está a caminho
Algo que se propaga sem o brilho do verniz
Surge na mesosfera de modo hostil e ferino
São rajadas de vento e delgados silvos
Que deixam as árvores alvoroçadas
Vem debruçar os campos de trigo
Galhofar o espantalho na estaca
A gleba passa a ser atacada
Através de violentos golpes
Que não vem da enxada
Mas chegam a galope
São nuvens feitas de chumbo
E não só uma cortina de fumaça
A mando de um tempo furibundo
Que age com seus comparsas
Enquanto o raio serpenteia
O trovão é o rugido dos leões
A chuva enxame de abelhas
E o granizo como zangões
O clima segue inexorável
E nenhum indício de trégua
Na companhia o medo execrável
Quando o meu abrigo é a pérgola
É o resquício de um dia que foi arrebatado
Por uma tormenta que já conhece o caminho
Quando abro os olhos não espero por um afago
E não vejo por que me alarmar quando toca o sino