TORMENTA

Um etéreo acampamento

Prepara um conluio tenebroso

No digladie constante com o vento

O relicário é cada vez mais nebuloso

Difere do prenúncio do cair de tarde gris

Mas uma torrente de pavor está a caminho

Algo que se propaga sem o brilho do verniz

Surge na mesosfera de modo hostil e ferino

São rajadas de vento e delgados silvos

Que deixam as árvores alvoroçadas

Vem debruçar os campos de trigo

Galhofar o espantalho na estaca

A gleba passa a ser atacada

Através de violentos golpes

Que não vem da enxada

Mas chegam a galope

São nuvens feitas de chumbo

E não só uma cortina de fumaça

A mando de um tempo furibundo

Que age com seus comparsas

Enquanto o raio serpenteia

O trovão é o rugido dos leões

A chuva enxame de abelhas

E o granizo como zangões

O clima segue inexorável

E nenhum indício de trégua

Na companhia o medo execrável

Quando o meu abrigo é a pérgola

É o resquício de um dia que foi arrebatado

Por uma tormenta que já conhece o caminho

Quando abro os olhos não espero por um afago

E não vejo por que me alarmar quando toca o sino

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 18/06/2020
Código do texto: T6981393
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.