poesia do cárcere
nas poucas horas de liberdade do dia
tolhida
ouço uma música
que me rasga
todos os horizontes
nesse deleite tão breve
lácero
lívido
o silêncio da tarde fria
me encara
sisudo e antigo
numa poesia exangue
se eu gritasse
então todos saberiam
da sede que tenho
dessa poesia (tua)
de “esplendor e sepultura”
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Poema do livro "Palavras Avulsas"
I Coleção do Mulherio das Letras
Editora Venas Abiertas
2019