Parede fria de vidro

Sob as paredes de vidros que cortam meus dedos

muitos dias obscuros e distantes

seguindo muitas estradas e enredos

minha dor se torna ecoante

O demônio interno grita para explodir

a verdade surge em fragmentos vazios

só me resta lutar ou fugir

entre as montanhas, lagos e rios

uma hora essa dor partirá

mas logo afrente surge uma guerra por poder

pegue a espada lendária para o poder emergir

não adianta chorar ou correr

desejos vazios em uma eterna corrida

o fim está próximo da linha final

ou preciso cortar a linha de partida?

Um momento e um destino fatal

Aqui está escuro e sem comida

eles dizem que vai ficar tudo bem

mas a linha está perdida

a ajuda não vem

você não é bom o suficiente

reclamam do meu jeito, do que sou feito

você é sempre insuficiente

só é bom quando fica no caixão ou no leito

o áudio do fone de ouvido está baixo

A playlist está velha

as músicas que excitam hoje me deixam triste

dormir não dá e contar cordeirinhos não ajuda

se eu fosse um pássaro talvez descobrisse novos horizontes

ou ficaria em uma gaiola esperando a morte

sou a maçã e a árvore, próximos e distantes

Próximo para gerar mudas mas distante da profundidade da árvore

A raiz apodreceu

e o fruto tem gosto ruim

a semente no chão se perdeu

e chegou ao seu fim

o que é amar?

Talvez esteja preocupado em amar me odiar

mas como as macieiras preciso de uma polinização

para voltar a produzir e prosperar

Anjos e o paraíso

mas estou mais próximo do inferno

louco e perdido

em um mundo interno

triste e iludido

Desejos escondidos

o destino está longe de acabar

seguindo meus próprios instintos

da tristeza toda soltar

Se fossemos perfeitos

Mesmo assim seríamos imperfeitos

Estaríamos procurando ou se culpando

para sermos mais perfeitos

As vezes penso, para que ter o melhor trigo

se no fim o trigo mais barato saciará minha fome

As vezes penso, para que precisamos de aprovação

se no fim vamos culpar a nos mesmos

você pode ser bom e honesto

mas no fim as pessoas te farão mal igual

deixe para sí mesmo o resto

de uma vida insegura e desigual

porque ir atrás dessa parede de vidro que corta meus dedos?

Aqui fora está frio e escuro

meu coração diz para lutar contra meus medos

mas a neve bate no meu cabelo

Mesmo com muita gente estamos vazios

o vidro ricocheteia no rosto

Perdidos em lágrimas como rios

por seus demônios exposto

As paredes gelam meus dedos

a meia é muito apertada

entre desejos e medos

a história foi fadada

Amizades vem e vão

pessoas vivas um dia morrem

o que fazia sentido agora perdeu a razão

Muitos distorcem

A realidade dos fatos

como um livro empoeirado

com um grande glossário

um conto em um mundo imaginário

Eu quero me apaixonar

por pessoas e não por corpos

Quero tomar um cafézinho e abraçado ficar

entre paixões muitos escopos

mas a paixão é como um vento de praia

que pode cortar seus pés

e ao mesmo tempo um sol que irradia

dentro do nosso coração

A parede de vidro não me deixa fugir

de pensar que sou insuficiente

Para amar, sorrir, ser feliz

os curativos são insuficientes

Para afastar anos de insegurança

Nesta carta deixo uma lembrança

o mundo é uma bolha

com poucos destinos de escolha.

Daniel SG
Enviado por Daniel SG em 10/06/2020
Código do texto: T6972854
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.