Dança no abismo

Nada,

absolutamente nada do que eu escrever aqui,

nem agora e nem em mil anos,

vai te trazer para mim

mas, essas linhas que crio

são uma espécie involuntária e

até inocente de conforto.

Meu cérebro me engana há dias e

está me fodendo bonito mesmo, sem dó.

Se por acaso, olho para qualquer cadeira que está na minha frente

te imagino sentada nela

com aquele belo sorriso costumeiro.

No banho,

na cama, até conseguir pegar no sono, 

em todos os lugares,

você está olhando para mim.

Você está lançando arcos para o ar,

Você está soprando a fumaça sagrada

em meu rosto através da noite...

Sua eletricidade é tão forte

que cair aos seus pés

é um desastre natural,

como um incêndio causado pelo sol,

como as tempestades que afundam os navios,

como uma barata

na parede do banheiro quando você vai mijar de madrugada,

como chorar

quando todos finalmente estão dormindo.

Agora?

Agora a cerveja está acabando,

um Blues toca, triste e sensual

e provavelmente não

irei mais te abraçar.

Estou ferrado

e todo o resto do mundo

é a mais triste piada

que já foi contada.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 07/06/2020
Código do texto: T6970958
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