SILÊNCIO

Tudo que eu fiz se tornou tragédia.
Eu sou um piano sem som.
Um violino desafinado.
Na chama do destino o meu segredo se partiu.
Duas almas dispersas.
E o entardecer feria todos os meus segredos.
O que ficou foi uma triste verdade.
Porque nós somos a prova de toda a mentira.
Somos uma casca dura e impenetrável,
que cresce em busca de destruição e prazer.

Pensei que a vida enfim tinha me amado.
Ele acalmava meu coração.
Mas cortou minha alma com a dor da lembrança.
Lembrança dos meus pecados.

Era sol de Janeiro.
Era paixão.
Quatro paredes, calor e veneno.

Que coisas lindas eu pude ver em teu sorriso.
Limpo, singelo, vivo.
Leve como uma folha.

Se o amor é um ato, se é cuidado,
porque então eu deixei o meu jardim morrer...